sexta-feira, 18 de maio de 2012

O ENEM e a Química - parte 2

Olá, queridos leitores da Casa da Química!

Vocês já devem ter lido meu post "O ENEM e a Química". Quem não leu, basta clicar aqui.


Em um dos comentários, recebi uma crítica (muito bem-vinda) de um leitor do blog. Decidi compartilhar com vocês a minha resposta a ele. Não coloco aqui o comentário dele porque não pedi autorização para isso. Porém, basta acessar a postagem no link acima para ler a crítica feita pelo leitor.

O objetivo de eu compartilhar aqui minha resposta é de tentar desconstruir, talvez, algumas visões equivocadas dos novos paradigmas no ensino de Química. Muitos pensam que os novos métodos são apenas para camuflar uma aprendizagem e fazer com que o aluno não tenha um conhecimento profundo e abrangente. Quando, ao contrário, nossa meta é que o aluno tenha um conhecimento químico mais aprofundado possível, de forma que ele consiga aplicar esse conhecimento em situações do cotidiano, dando sentido aos conceitos construídos. 


Bem... segue abaixo o texto. Obrigado e até a próxima!!


Olá, Fernando. 

Obrigado pela sua contribuição no debate.

Bem.. eu, você e muitos bons profissionais são frutos de um ensino tradicional e conteudista. Se esse ensino formou tantos bons profissionais, então, por que a crítica da comunidade científica na área de Educação?

O ensino tradicional contempla uma minoria de alunos... se observarmos bem, poucos estudantes se destacam nesse método de ensino. Por que será? o restante dos alunos não tem capacidade? não estudam o suficiente? são mais preguiçosos?

Obviamente, acontecem casos de alunos que não estudam ou apresentam mais dificuldades de aprendizagem do que outros. Porém, é fato que um aluno educado segundo um ensino tradicional não está preparado para usar os conceitos, aparentemente aprendidos, em situações realmente relevantes.

É triste ver alunos "aprendendo" química sem saber para que aquele conhecimento serve. Não saber usar os conceitos químicos para explicar fenômenos simples, como o funcionamento de uma panela de pressão, ou fenômenos mais complexos, como o funcionamento de uma usina nuclear. Acaba que este conhecimento fica perdido, usado apenas de maneira pontual (como no ENEM, por exemplo) e depois abandonado. Faça uma enquete e pergunte, 1 mês depois da prova do ENEM, o que cada aluno se lembra do que estudou em química. Pode ter certeza que mais de 90% dos conteúdos vão ser esquecidos.. sabe por que? porque eles não viram sentido naquilo... serviu apenas para fazer a prova e basta. Isso é aprender? na minha mera e insignificante opinião, NÃO. Mas isso significa que o ensino conteudista e tradicional não serve para nada? claro que não... nós, frutos desse ensino, não estamos aqui? uma estratégia do ensino tradicional que é bastante válida, por exemplo, é a aula expositiva que, muitas vezes, é necessária. Não cuspo no prato que comi... mas o lavo bem, tirando toda sujeira que não servia para nada, para poder comer nele novamente.

Na área de Ensino de Química, ninguém defende o ensino de generalidades. Mas sim, um grande aprofundamento no conteúdo específico. Ensinamos química? sim... logo, queremos que nosso aluno aprenda química. Mas o que é aprender química? é saber deduzir a lei geral dos gases e diferenciar um óxido básico de um ácido? Não.. não é SOMENTE isso.. além disso, ele deve, com esse conceito, saber explicar o fenômeno do aquecimento global, por exemplo, ou a formação de uma chuva ácida. Dessa forma, esse conhecimento não será perdido ou isolado... neutro... mas terá uma função até social, visto que o estudante pode usá-lo para propor melhorias no mundo em que vive.

Aprender química é somente saber as propriedades dos metais? na minha insignificante opinião, NÃO! é, além de saber as propriedades dos metais, é conhecer o dano que os mesmos podem causar na Natureza pelo descarte indevido de materiais metálicos no Meio Ambiente. E, para isso, se faz necessário um ensino mais contextualizado e menos conteúdista.

Sim... concordo que os professores de cursinhos são excelentes.. eu tive vários.. mas todos nós, inclusive eles, podemos melhorar nossa prática docente cada dia mais.

Obrigado por sua opinião e continue visitando nosso blog!