quinta-feira, 12 de março de 2015

Stephen Hawking: o seu tempo e sua noz.

Olá, caros leitores da Casa da Química! 

Recentemente, assisti ao filme A Teoria de Tudo ("The Theory of Everything"). Como a maioria de vocês deve saber, o filme trata da biografia do físico teórico Stephen Hawking. O longa é baseado no livro "My life with Stephen Hawking" de Jane Wilde Hawking, ex-esposa do cientista. Eddie Redmayne ainda levou o Oscar de melhor ator, interpretando o próprio Stephen Hawking. 

Stephen Hawking à esquerda e Eddie Redmayne na cadeira de rodas. Não pera...
(Fonte: http://media2.s-nbcnews.com/j/streams/2014/November/141105/1D274907154286-1D274907145445-today-hawking-141104.blocks_desktop_large.jpg)

Bem... não estou aqui para fazer a resenha de filme. Deixo isso para o Cinema com Rapadura. Minha intenção aqui é conversar sobre os avanços científicos promovidos pelas ideias do professor Hawking, bem como seu método de pesquisa. No filme, percebemos um pouco como ele elaborou sua tese de doutorado, bem como a refutou posteriormente e culminou na publicação de seu livro Uma Breve História do Tempo ("A Brief History of Time"). Ainda tenho este livro em minha estante e espero ter tempo para ler o melhor momento para ler. Porém, já tive a oportunidade de ler O Universo numa Casca de Noz ("The Universe in a Nutshell"), também de autoria de Stephen Hawking, e percebi várias características do livro durante o filme, principalmente nas passagens que mostram o desenvolvimento de suas ideias. 

Ao visitar essas obras, percebemos a grande carga filosófica que acompanha suas construções teóricas acerca da evolução do Universo. Obviamente, a filosofia não é a única "ferramenta" utilizada por ele, tendo a matemática e estatística como elementos essenciais na construção de teorias (comum na Física Teórica). 

Stephen Hawking, no início de sua carreira acadêmica, ao decidir estudar o conceito de Tempo, acreditava num Universo regido por leis da Física Clássica, bem como Albert Einstein. A ideia de que os corpos celestes se movimentavam num universo constantemente em expansão levou o físico teórico a ideia de que, em algum momento, tínhamos havido um INÍCIO. Sua tese sobre o Tempo logo ganhou notoriedade. Ele estava se apoiando nos ombros de um gigante da Física (Einstein) e logo ele tinha em mãos um modelo teórico pra explicar o início do Universo e do Tempo, com toda uma matemática desenvolvida. Porém, mostrando o movimento natural de uma Ciência flexível e dinâmica, ele mesmo se refutou (não à la Popper... rá!!). Posteriormente, a ideia de um Universo em expansão conflitava com a existência de partículas à nível quântico rondando o Universo. Logo, as leis da Física Clássica não se encaixariam mais nos fenômenos observados. Além disso, a ideia de um Universo em expansão, com um início, causava um grande problema (até hoje, um dos maiores da Ciência): a Singularidade. O que aconteceu no início do Universo? no exato momento em que começou a expansão? Como falou o físico Michio Kaku, nesse momento as equações da física vão pelos ares!!! explodem! elas não fazem sentido! 

Um grande programa de pesquisa surge. Minha ideia aqui, não é mostrar uma história linear. Obviamente, muita coisa aconteceu ao mesmo tempo (como o surgimento da Teoria das Cordas, por exemplo). Mas agora toda a Física procurava responder esse problema. Nesse contexto, nasceu Uma Breve História do Tempo. Agora, Stephen Hawking defendia um Universo sem início e sem fim. Ora... como imaginar um Universo sem um início? não houve uma criação? O Universo é o que é, sempre foi e sempre será? Bem... os físicos respiram! o problema da singularidade estaria, temporariamente, resolvido. Mas não é assim tão simples...

Com uma linguagem simples, objetiva e, as vezes, sarcástica, Stephen Hawking desenvolve essas ideias no livro O Universo Numa Casca de Noz. Nesse "embrulho científico", ele propõe uma teoria única, simples e elegante, que fosse possível explicar todo o Universo. Essa seria a Teoria de Tudo. E temos uma candidata: a Teoria-M (os teóricos da Teoria das Cordas em frenesi!!). Mas... e o método? 

Há quem diga que Stephen Hawking nunca ganhará um Nobel. Seus estudos sobre o Tempo, Universo e Buracos Negros, apesar de uma grande contribuição teórica, carecem de evidências empíricas. Como falei antes, a matemática e o pensamento filosófico são as principais ferramentas dos físicos teóricos! principalmente diante da impossibilidade de testar suas teorias. Recentemente, tivemos o exemplo de Peter Higgs. Décadas depois dele ter "teorizado" a existência do bóson de Higgs, ele foi reconhecido e ganhou o Nobel, graças ao experimento no CERN com o LHC. Porém, exemplos como esses nos fazem refletir sobre o método científico. Como o conhecimento científico é construído? 

Essa é uma pergunta que gostaria de desenvolver em outro post... não neste! sairemos bastante do foco se eu me prolongar sobre isso. Prometo escrever sobre o método científico e a importância de evidências empíricas na Ciência em breve. 

No mais, deixo para que você, leitor, reflita sobre isso... é possível fazer ciência sem evidência empírica?

Até breve!!!